Produtora de audiovisual do Baixo Amazonas é destaque em evento nacional do Sesc

Em meio ao calor das palavras ancestrais, ao eco das memórias e ao som das encantarias, o Baixo Amazonas brilhou intensamente no VI Seminário Etnicidades, realizado pelo Sesc em Belém, entre os dias 24 e 26 de julho. Com o tema “Saberes locais, histórias e encantarias: ouvir a terra, escutar os povos”, o encontro nacional reuniu vozes, imagens e vivências de diversos territórios tradicionais do Brasil — e a região do Tapajós foi um dos pontos altos da programação.

A abertura do evento foi marcada pela força das Suraras do Tapajós, grupo de mulheres guerreiras que entre o maracá e o canto carregam memórias de luta e proteção da floresta. Na mesma mesa, brilhou Cleide do Arapemã, mulher quilombola, mestra da oralidade, que compartilhou sua trajetória de resistência e o poder do fazer cultural como forma de manter viva a identidade de seu povo.

Mas foi na escuridão iluminada da tela que outra travessia se fez: a exibição do filme “Pretinhas do Arapemã”, dirigido por Lia Malcher, emocionou o público e reafirmou a potência das narrativas produzidas no interior da Amazônia. O documentário, delicado e profundo, é também um manifesto visual — e tem na produção executiva de Keké Bandeira um dos pilares que sustentam esse voo artístico e político.

O cinema que nasce das águas e canta com as raízes

Ao apresentar o filme no seminário, Keké Bandeira compartilhou os bastidores da produção audiovisual feita na Amazônia profunda, longe dos centros, mas próxima da alma do Brasil. Falou das dificuldades, mas também da força das leis de incentivo, da importância de garantir espaço para o cinema que vem das margens — e que, de forma legítima, reivindica o centro da cena cultural.

Uma travessia entre fala e imagem

Lia Malcher, diretora do filme, falou com emoção sobre o encontro entre fala e imagem no evento:

Foi emocionante que o filme tenha sucedido a fala de Dona Cleide no evento, que também participa do filme e a quem a travessia é um fazer de profunda sabedoria e intimidade.

Essa conexão entre o vivido e o filmado, entre o território e o mundo, é o que move o cinema do Baixo Amazonas — um cinema de pertencimento, de escuta, de resistência.

A cultura que se levanta em rede

No palco, na tela ou na roda de conversa, o que se viu foi um território inteiro se levantando através de suas mulheres, de suas histórias e de sua arte. “Fiquei muito feliz que pude levar um pouco do Baixo Amazonas pra lugares tão importantes e celebrar, sobretudo, o fazer cultural das nossas mulheres, seja na figura da Dona Cleide, da Lia ou na minha. De alguma forma muitas de nós subimos naquele palco pra celebrar nossa cultura e nossa força”, finalizou Keké.

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