Ibama aponta emboscada em assassinato durante operação em terra indígena no Pará

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) confirmou nesta terça-feira (16) que o vaqueiro assassinado enquanto atuava em uma operação de desintrusão na Terra Indígena Apyterewa, em São Félix do Xingu, foi vítima de uma emboscada. O crime ocorreu durante o cumprimento de uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) afirmou que solicitou reforço imediato da Polícia Federal para a região. Segundo a fundação, agentes federais já estão a caminho de uma base localizada dentro da terra indígena, nas proximidades do distrito da Taboca. A Polícia Federal informou que equipes realizam diligências no local, e a investigação está sob responsabilidade da delegacia da corporação em Redenção (PA).

O vaqueiro foi atingido por um disparo no pescoço enquanto auxiliava o Ibama no deslocamento de cerca de 350 cabeças de gado retiradas de uma área invadida ilegalmente. A ação fazia parte de uma operação de desintrusão determinada pelo STF no âmbito da Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 709.

A ação judicial foi ajuizada em 2020 pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), durante a pandemia de Covid-19, em razão da situação de extrema vulnerabilidade das comunidades indígenas diante da invasão de pecuaristas e garimpeiros. Desde então, órgãos federais atuam de forma contínua para retirar os ocupantes ilegais da área.

A emboscada ocorreu durante uma dessas ações coordenadas pelo poder público, que envolvem diversos órgãos, como o Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Funai, Ibama, Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Força Nacional e as polícias Civil e Militar.

De acordo com a Funai, apesar do clima de tensão, os servidores estão em segurança em uma das bases de apoio da fundação. A principal suspeita é de que o ataque tenha sido realizado por antigos ocupantes da terra indígena, que continuam invadindo a área para manter a criação ilegal de gado.

Relato da equipe de reportagem
Uma equipe do programa Caminhos da Reportagem, da TV Brasil, esteve recentemente na Terra Indígena Apyterewa produzindo material para um especial sobre a desintrusão. A repórter Ana Passos relatou que o vaqueiro foi baleado por volta das 14h e que mais de duas mil pessoas ligadas à criação de gado e ao cultivo de cacau já haviam sido retiradas do território.

Segundo a jornalista, o Ibama identificou mais de 40 pontos onde ainda há presença de bovinos, mantidos por invasores que insistem em retornar à área. Ela destacou ainda que agentes públicos e indígenas já foram alvos de ataques anteriores, incluindo um servidor da Funai baleado no ano passado.

Os invasores, conforme o relato, costumam queimar pontes, instalar armadilhas nas estradas para furar pneus de veículos oficiais e dificultar o acesso das equipes. “É uma operação complexa, porque parte do gado está em áreas de mata onde não é possível chegar de carro e, em alguns casos, nem de quadriciclo”, explicou.

Apuração
Em nota oficial, o Ibama informou que todas as medidas cabíveis para a apuração do crime já foram adotadas, com o objetivo de identificar os responsáveis e garantir sua responsabilização conforme a lei. O órgão também lamentou profundamente o ocorrido e manifestou solidariedade aos familiares e amigos da vítima, informando que está prestando o apoio necessário à família neste momento de luto.

Com informações e foto da Agência Brasil

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