Na manhã desta terça-feira (11), um dia após a justiça determinar a suspensão das obras de construção do camelódromo, que estava sendo construído na Praça Rodrigues dos Santos, no Centro de Santarém, no oeste do Pará, a promotora de Justiça, Lilian Braga, reuniu com representantes da Universidade Federal Oeste do Pará (Ufopa) e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós (IHGTap) para tratar de questões relacionadas ao procedimento e Ação Civil Pública que gerou decisão de suspensão dos serviços.
A decisão foi expedida nesta segunda-feira (10/01), após ajuizamento de ACP pelo Ministério Público, por meio da promotora de Justiça Lilian Braga, após receber informações do IHGTap, dando conta da ameaça de destruição da praça, que faz parte do contexto histórico, cultural e arqueológico de Santarém. Determina que a obra seja imediatamente sustada e, caso esta já tenha sido iniciada, que seja imediatamente paralisada, sob pena de multa de R$ 100 mil reais.
No local também foram encontradas diversas peças de cerâmica arqueológica. No projeto anunciado pela prefeitura, o “Camelódromo” está localizado junto à praça Rodrigues do Santos, destinado aos ambulantes que possuem bancas na praça da Matriz. Prevê cem boxes em alvenaria, porta de rolo, telhado em cerâmica e forro em PVC, totalizando 521,75m², e está orçada em R$1.069.626,12, provenientes do Governo Federal, através do Ministério do Desenvolvimento Regional e contrapartida da prefeitura.
Os autos trazem informações do IHGTap, sobre o valor histórico e cultural da praça, e de sua importância para a biografia do Município, e ainda que se encontra dentro da área poligonal da Zona de Preservação do Patrimônio Cultural do Município, e quaisquer obras realizadas no local, devem seguir criteriosamente as normativas dadas pela legislação municipal.
A presidente do IHGTap, Terezinha Amorim, informou que o instituto está à disposição para contribuir com o debate em relação ao projeto e a praça. Outros membros também estavam presentes e deram suas contribuições sobre o tema.
Os professores da Ufopa destacaram a questão arqueológica no local. O professor Florêncio Vaz sugeriu um esforço de escuta e sensibilização da sociedade, para que as informações sejam repassadas corretamente aos públicos interessados. Os professores enfatizaram que Santarém é uma cidade de grande importância histórica, e não somente esse, como outros locais, devem ser preservados em respeito à memória de povos indígenas e de matriz africana.
Ao final, a promotora de Justiça Lilian Braga destacou que é importante entrar em entendimento e buscar todas as informações que possam subsidiar a atuação da promotoria.
A Prefeitura já informou que irá recorrer da decisão.
(Ascom/MPPA)