Rapper paraense lança seu primeiro álbum intitulado ‘Nortes’

Cantando sobre a realidade nortista, o rapper paraense Sumano estreou seu primeiro álbum. Disponível em plataformas de streaming de áudio, o projeto intitulado “Nortes” foi viabilizado pela Lei de Incentivo à Cultura (Semear), executado pela Fundação Cultural do Pará (FCP). O disco é uma coleção de dez faixas, enriquecida por colaborações de artistas da região.

Inspiração para suas composições, o artista produziu um vídeo manifesto com imagens de sua comunidade, a Vila Menino Deus, que fica às margens do Rio Anapu, no município de Igarapé Miri. O projeto de Sumano não se conteve só com os diferentes beats de rap para se tornar real. Seu trabalho entrega uma versão autoral da Amazônia, muitas vezes invisibilizada.

O artista surge no cenário musical nortista como um dos representantes do gênero no interior do território amazônico. Suas referências incluem outros rappers contemporâneos de sua localidade que o inspiraram, bem como outros músicos pelo país. Entre os colaboradores, destacam-se os rappers Victor Xamã, Moraes, Roxy, Nill, Malu Guedelha, Karen Francis, Drin Esc, Nic Dias e Kurt Sutil.

“Sou fã de Victor Xamã, que é talvez uma das nossas maiores referências aqui no Norte, mas não só ele, Nic Dias também; eu inclusive o considero uma das novas gerações dos cabanos revoltados”, revelou o artista. “Ter ouvido eles me ajudou a explorar mais o gênero e hoje posso me considerar um rapper tão valioso quanto”, explicou, ao citar os cantores Emicida e Don L.

Incentivo – O projeto teve apoio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult) e da FCP, através da Lei Semear. O álbum de Sumano também recebeu patrocínio da Natura Musical, que apoia ativamente artistas independentes da região.

Técnico em gestão cultural da Semear, Walter Figueiredo ressaltou a importância do programa e do incentivo a novos projetos. “É sempre muito gratificante quando surge um novo trabalho a ser lançado por meio do Programa Incentivo à Cultura. É motivo de satisfação quando damos esse retorno à sociedade dos recursos investidos”, disse.

“Ao vermos os objetivos alcançados pelos artistas, sentimos a realização do dever cumprido com a qualidade e capacidade que a arte proporciona na vida da comunidade. Além disso, o reconhecimento ao autor, que emerge da região de Igarapé-Miri, expressando a força gigantesca da diversidade da região norte do país, estimulando a potenciais novos artistas a inscreverem seus projetos e acreditarem na possibilidade de tornar seus sonhos em realidade”, finalizou Walter.

O Programa Estadual de Incentivo à Cultura (Semear) foi criado pelo Governo do Estado com o objetivo de promover e estimular a produção cultural e artística no Pará. Através do edital, o programa seleciona projetos aptos a captar recursos de empresas privadas para a realização de seus projetos.

A Lei Semear contempla a linguagem visual, sonora e corporal; a intervenção em bens móveis e imóveis de relevante interesse artístico e cultural; a literatura, acervos bibliográficos, bibliotecas e museus. Dessa forma, o Estado protege as expressões e o pluralismo, além de assegurar a sobrevivência e o florescimento dos modos de criar, fazer e viver da região amazônica.

Nortes – Euller Santos, nome de batismo de Sumano, 28 anos, além de rapper é também professor de geografia. Ele compartilha seu conhecimento na própria comunidade, situada no nordeste do Pará, onde ministra aulas para crianças e adolescentes cujas experiências de vida se assemelham muito às suas. A escolha de sua profissão e local de trabalho não é aleatória, mas sim um testemunho de seu compromisso com a comunidade e com a juventude desse território.

A produção de “Nortes” conta com faixas como “Craque”, o primeiro single do álbum; “Reconectar”, que abre o disco e conta com a colaboração de Victor Xamã; “É o Jogo”, uma faixa com um ritmo mais melódico e em parceria com Nill e Malu Guedelha, entre outras.

“Meus versos trazem à tona um questionamento importante sobre nós, pessoas negras: por que sempre esperam que a gente seja a revolução ou a revolta? Às vezes, não queremos ser isso; queremos, na verdade, viver, curtir uma tarde de sol no rio ou jogar futebol com nossos amigos sem ter que pensar em revolta”, comentou Sumano. (Ag. Pará)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *