População deve redobrar os cuidados com a água durante a seca na Amazônia

Cidades do norte do país enfrentaram nas últimas semanas a pior seca em 120 anos. A estiagem e o baixo volume dos rios na região Norte do país pioram a qualidade da água que abastece a população amazônica. Isso afeta diretamente a saúde da população, principalmente das crianças. É o que alerta o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

Rodrigo Resende, oficial de Água, Saneamento e Higiene do Unicef Brasil, explica que “uma das principais consequências associadas a falta ou precariedade dos serviços de saneamento básico é o impacto direto na saúde e no bem-estar social de crianças e adolescentes — população que é extremamente vulnerável a diversas doenças associadas ao saneamento inadequado — e que podem prejudicar diretamente o desenvolvimento físico e intelectual principalmente na fase da primeira infância, que vai até os
6 anos.”

O Unicef alerta para os perigos da diarreia e da hepatite A, doenças que têm como principais sintomas a diarreia, febre alta, dor de cabeça, dor abdominal e mal-estar. Vale lembrar que a diarreia aguda pode levar a quadro de desidratação grave, se não for tratada. Por isso, em caso de sintomas, os pais devem procurar a unidade de saúde mais próxima de casa.

Como saber se a água é potável
O Ministério da Saúde estabelece um padrão de potabilidade para a água e, para isso, leva em consideração uma série de parâmetros físicos, químicos e biológicos para que a água não ofereça riscos à saúde pública. O oficial de Água, Saneamento e Higiene do Unicef Brasil explica o que as pessoas devem observar para não tomarem água contaminada.

“É importante ficar atento às características como gosto, cor e odor da água a ser consumida e caso seja observada alguma alteração nesses aspectos, a população deve entrar em contato com o responsável pelo abastecimento de água em seu território ou mesmo a secretaria de saúde do município”, explica Rodrigo Resende.

Em caso de dúvida sobre a qualidade da água, a população deve buscar uma fonte segura para o consumo.

Amazonas
No estado do Amazonas, por exemplo, os casos de hepatite A já chegam a 20 neste ano e uma pessoa morreu por conta da doença. Os casos de diarreia também dispararam e, segundo a Rede Sentinela de Monitoramento por Doenças Diarreicas (MDD) do Amazonas, até outubro foram notificados mais de 208 mil casos nas unidades de saúde. Já no Pará, segundo a Secretaria de Saúde, foram registradas 106 mortes por diarreia até outubro deste ano.

Mas tratando a água que se usa em casa, é possível reduzir os riscos de contaminação, como explica Geani Souza, do Departamento de Vigilância Epidemiológica (DVE), da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas. Segundo ela, o hipoclorito de sódio a 2,5% é um insumo para tratamento domiciliar da água de consumo humano. Ele é muito útil na prevenção das doenças de veiculação hídrica, principalmente nas regiões onde não há abastecimento de água tratada pelos sistemas públicos.

“São frascos de 50 ml onde você adiciona duas gotas a cada litro de água para o seu tratamento. Essa é uma estratégia usada pela atenção básica que faz a distribuição desse insumo, principalmente nas comunidades rurais, mas também nas áreas urbanas onde a população não tem acesso à água tratada.”

Ela explica que esse ato simples é capaz de reduzir a transmissão de doenças de veiculação hídrica, sobretudo em populações mais vulneráveis, como idosos e crianças. Hepatite A, diarreias agudas e até mesmo cólera podem ser prevenidas com o uso correto do hipoclorito, alerta a Vigilância Epidemiológica.

As secretarias estaduais de saúde distribuem o hipoclorito de sódio para as comunidades mais vulneráveis. Este ano, só no Amazonas, foram distribuídos mais de 4,7 milhões de frascos de hipoclorito de sódio a 2,5%, usado para tratamento da água.

Fonte: Brasil 61

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