Aluna indígena e quilombolas defendem seus TCCs na Ufopa

Elaíde Tapuri Wai Wai com as professoras orientadoras do TCC, Juliana e Elaine, e docentes que participaram da banca.

Duas discentes quilombolas defenderam seus TCCs no curso de Arqueologia do Instituto de Ciências da Sociedade (ICS) da Ufopa no último dia 10, no Laboratório de Arqueologia Curt Nimuendajú, em Santarém. Rafaela dos Santos Pinto e Elaine dos Santos Pinto são as primeiras a defenderem seus trabalhos no bacharelado em Arqueologia. As irmãs foram orientadas pela professora Anne Rapp Py-Daniel e ambas voltaram seus temas de pesquisa para a história e ocupação da comunidade de Murumurutuba, localizada no município de Santarém, onde nasceram e moram até hoje.

No mesmo dia, Elaíde Tapuri Wai Wai, aluna do Instituto de Saúde Coletiva (Isco), foi a primeira mulher indígena a defender seu TCC no bacharelado em Saúde Coletiva. Sob orientação das docentes Elaine Cristiny dos Reis e Juliana Gagno Lima, a aluna desenvolveu o trabalho intitulado “O acesso dos indígenas aos serviços públicos de saúde no Brasil nos últimos 20 anos: uma revisão integrativa da literatura”.

As defesas evidenciam a importância da política de ações afirmativas desenvolvida na Universidade, “assim como a necessidade de pessoas oriundas de comunidades tradicionais se tornarem produtoras de trabalhos acadêmicos envolvendo suas próprias histórias e territórios”, enfatiza a Profa. Anne Rapp. O município de Santarém possui 12 comunidades quilombolas reconhecidas pela Fundação Cultural Palmares e organizadas através da Federação das Organizações Quilombolas de Santarém (FOQS).

Irmãs Rafaela e Elaine, concluintes do curso de Arqueologia, apresentaram seus TCCs sobre a comunidade de Murumurutuba.

De acordo com a docente Elaine Cristiny, a defesa de Elaíde “representa um marco de consolidação do acesso ao ensino superior público no interior da Amazônia e reflete a importância de formar profissionais que conheçam as realidades locais, fazendo com que as políticas públicas possam ser acessíveis à realidade regional. A formação de estudantes indígenas é uma ferramenta para o reconhecimento da diversidade sociocultural vivenciada nas aldeias e um instrumento para reduzir os entraves de comunicação e de acesso desses indígenas aos serviços de saúde e educação”.

Segundo a coordenadora do curso de Saúde Coletiva, Profa. Juliana Gagno Lima, “a defesa reflete o compromisso dos docentes com a formação de mão de obra qualificada para a atuação em comunidades rurais, ribeirinhas, indígenas e quilombolas, no interior do Brasil”.

Para a graduanda Elaíde, o estudo foi uma forma de dar visibilidade a todos os povos indígenas, em especial à sua própria comunidade. “Eu quis mostrar algumas das dificuldades enfrentadas pelos indígenas para ter acesso aos serviços de saúde pública. Eu busco poder ajudar os povos indígenas e assim, de alguma forma, minimizar essas dificuldades. A Universidade mudou a minha vida e me fez refletir sobre a importância do protagonismo dos indígenas na estruturação de políticas públicas e na ocupação dos espaços de gestão”, concluiu.

Comunicação/Ufopa

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