Deputada paraense denuncia ameaças de morte

A deputada estadual Lívia Duarte (PSOL-PA), relatou nesta terça-feira (25), que está sofrendo ameaças de morte. A parlamentar subiu à tribuna da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), para agradecer as providências institucionais que estão sendo tomadas pela presidência da Casa e também pelas polícias Civil e Militar.

A líder do PSOL também agradeceu aos seus pares pelo apoio e acompanhamento à situação de ameaça de morte que a parlamentar sofreu no último dia 18. A vereadora Bia Caminha, do PT, também sofreu ataques nas redes sociais.

A deputada estadual Lívia Duarte subiu à tribuna da Alepa para denunciar que tem recebido ameaças de morte. Foto: Ascom/Alepa

“Eu já sofri outras dez ameaças, mas foi a primeira vez que fui ameaçada no meu próprio e-mail institucional, demonstrando muita ousadia e nenhum receio ou medo”, considerou a deputada, que está no exercício a quatro meses, depois de ter sido vereadora de Belém por dois anos. Quase uma ameaça em cada três meses. Ela informou que no conteúdo do e-mail veio a ameaça de morte, quando é dito que a deputada iria encontra-se em breve com a vereadora Marielle. No conteúdo do e-mail vieram ainda, várias ofensas racistas. “E a ameaça de morte veio na semana em que uma rede de Fake News tomou as nossas casas dizendo que as crianças iam ser massacradas nas escolas”.

A vereadora Mariele Franco foi assassinada em 14 de março de 2018, a tiros, junto de seu motorista, Anderson Pedro Mathias Gomes, no Estácio, Região Central do Rio de Janeiro, tendo os executores sido descobertos, processados e presos, no entanto, até hoje os mandantes não foram identificados. O caso deve ser federalizado.

A deputada registrou o Boletim de Ocorrência na Polícia Federal pedindo providencias de segurança e vida e da identificação dos responsáveis. “Fiz registro na PF, porque não acredito que nosso caminho seja o de recuar, temos que ir para cima destes canalhas, temos que identificar e pegar também quem financia e quem paga esse tipo de crime”, considerou.

Lívia, em seu pronunciamento, lembrou o assassinato de deputados e ex-deputados da ALEPA, referindo-se aos casos de João Batista e de Paulo Fonteles, que tinham atuação na área dos direitos humanos e de apoio a luta dos trabalhadores rurais contra os latifúndios e a grilagem de terra.

Durante a sessão, a deputada recebeu apoio de outros parlamentares. Para o deputado Carlos Bordalo (PT), os ataques sofridos pela deputada Lívia Duarte e pela vereadora Bia Caminha foram extremamente perigosos. “Isso demonstra o quanto grupos fascistas que apoiam Bolsonaro são capazes de fazer”, avaliou. Ele informou que as primeiras investigações dos casos já indicam que a origem destas ameaças pode ter partido de sites hospedados fora do país, alimentados por gente de dentro do país para fugir da fiscalização.

Bordalo, ao comentar esses ataques, mesmo depois da mudança no governo federal com a posse do Lula, considera que se está enfrentando no país o rescaldo de uma etapa extremamente perigosa para a democracia brasileira. “Apesar da mudança no comando do executivo federal, temos pedras perigosas se mexendo, capazes de provocar a morte, insatisfeitas e que ainda agem para desestabilizar a sociedade e a democracia brasileira”, disse.

Para ele, são forças profundamente comprometidas com a disseminação do medo, comprometidas com a perseguição as lideranças e aqueles que se destacam na luta pelo respeito, pela democracia, contra o racismo e violência à mulher.

Os deputados Fábio Filgueiras (PSB) e Delegado Toni Cunha também se manifestaram em solidariedade a parlamentar por serem contrários a ameaça ao livre exercício do mandato e a liberdade de expressão.

Bordalo, também se solidarizou com a seção do Conselho Nacional das Populações Extrativistas,  que teve seu escritório em Belém invadido e quebrado, com lideranças que estavam pernoitando no ambiente sofrido espancamentos e ameaças. As ameaças foram ainda estendidas as lideranças comunitárias, de trabalhadores rurais e indígenas da região do Xingu e do Baixo Amazonas, para que se afastem da luta pela defesa dos territórios, se não coisas ruins aconteceriam a eles. E pediu apuração as autoridades do Estado para apuração do ocorrido.

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